MEXICO D.F., 12 de jun de 2006 às 18:13
Ao conhecer a aprovação por parte do Senado dos Estados Unidos do projeto de lei para a reforma migratória, que permitiria a legalização de nove milhões de indocumentados, o Secretário Geral da Conferência Episcopal Mexicana (CEM), Dom Sergio Aguiar Retes, afirmou que a construção do muro na fronteira com o México deve considerar-se "um mal menor".
O também Bispo de Texcoco disse que "é um mal que se aceita como menor, ninguém no México o vê bem, do Presidente até o último cidadão, mas se já nos deixarão passar legalmente, que construam seu muro é dos males o menor".
Considerou deste modo que este acordo migratório é um passo importante que ajudará a crescer a possibilidade de um acordo pleno. Para o Prelado a construção do muro é uma estratégia política interna dos Estados Unidos. "É como lhe dizer a um setor da sociedade que se sente agredido pela imigração: sim lhe fazemos caso e vamos construir este muro, que não é necessário nem garante nada, mas sim é uma boa relação de vizinhança", manifestou. Dom Aguiar Retes precisou que esta reforma "beneficia a milhões de pessoas e a outras que poderão emigrar de maneira legal com todos seus direitos".
Apesar disto, não se trataria de um acordo migratório que considere o livre trânsito em uma região como a do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (TLCAN).
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Questionou a natureza das relações migratórias existentes entre os Estados Unidos, Canadá e México, sócios do TLCAN, e assinalou necessário chegar a um nível de integração como o da União Européia (UE). "O fluxo de ilegais graças ao acordo vai diminuir, todos vão procurar o caminho mais seguro, quer dizer a realidade da imigração norte-americana de parte do México é e era assim porque não havia outra forma", expressou.
"Agora, com esta possibilidade dos vistos temporários imaginam que os mexicanos buscarão postular cada ano para obter essa permissão mas com uma expectativa distinta, ninguém gosta de correr risco de vida se não for estritamente indispensável".
O governo da Igreja Católica tem uma visão ampla do problema e por isso tem experiência neste campo porque observa os fluxos migratórios de todos os continentes os quais, entre si, possuem grandes semelhanças.
"Como dizem os bispos americanos, não existe uma diocese nesse país que não tenha mexicanos, e estes são católicos, trata-se de uma paróquia que se deve atender, há muitas razões para estar constantemente em uma boa relação", precisou.
A Câmara Alta dos Estados Unidos aprovou faz uns dias um projeto de reforma migratória que dá a possibilidade de legalização de nove dos 12 milhões de indocumentados nesse país se certificam ter trabalhado durante um período de quatro anos, e a aprovação de 200 mil vistos temporários. O projeto deve ser unificado com a iniciativa aprovada a fins de 2005 pela Câmara de Representantes e enviado ao Executivo para sua promulgação.